segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Congresso Internacional da História Militar

30 de Agosto a 4 de Setembro de 2009
Porto
Edifício da Alfândega
Integrado no plano das comemorações das invasões francesas da Área Metropolitana do Porto
O XXXV Congresso Internacional de História Militar terá lugar no Porto, de 30 de Agosto a 4 de Setembro de 2009. Organizado pela Comissão Internacional de História Militar, a Universidade do Porto e a Câmara Municipal do Porto, sob o tema "A guerra no tempo de Napoleão. Antecedentes, campanhas militares e impactos de longa duração", o Congresso integra-se num conjunto alargado de iniciativas evocativas do segundo centenário da segunda invasão Francesa de Portugal. Trata-se de uma realização internacional e multidisciplinar, que visa reflectir sobre aspectos de história militar, política, diplomática, económica, social e cultural, ao nível local, nacional, europeu e global. As sessões incluirão abordagens que vão desde os antecedentes políticos e ideológicos das guerras até às campanhas militares e às suas projecções globais - em geopolítica, economia, sociedade e cultura. Neste domínio, será dada uma ênfase particular ao desenhar de uma nova ordem política e à disseminação de novas ideologias, as quais fizeram nascer novos regimes e formas de governo que ultrapassaram o espaço europeu e se projectaram noutros continentes. Contribuições centradas em experiências militares e políticas ligadas diacrónica ou sincronicamente com este importante acontecimento são bem-vindas, de forma a promover abordagens comparativas ao tema.

Quartel-General de Wellington em Freneida




sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Comemorações do Cerco de Almeida 2009


Program of the commemorations of the “Almeida’ Siege”
SEMINÁRIO INTERNACIONAL / International Semina RECRIAÇÃO
HISTÓRICA e 2º SIMPÓSIO DAS ARTES / Historical Re-enactment and
2nd Symposium of Arts / 28 - 29 - 30 AGOSTO / August / 2009

28 AGOSTO / August, Sexta-feira / Friday
09h30 – Seminário Internacional / International Seminar: “A FORTIFICAÇÃO
ABALUARTADA COMO PATRIMÓNIO DE VALOR UNIVERSAL”/ ”BULWARKED
FORTIFICATIONS AS HERITAGE OF UNIVERSAL VALUE”
Local: CEAMA, Portas Exteriores de Santo António / External Gate of Santo António
– Recepção dos participantes / Reception of the participants
10h00 – 1ª SESSÃO / 1st SESSION
– Abertura / Openning, Presidente da Câmara Municipal, The Mayor
10h10 – Danuta Klosek Kozlowska (Polónia / Poland), Zamosc – Cidade Ideal-Fortaleza Ideal / Zamosc –
Ideal City-Ideal Fortress
10h30 – Nur Akin (Turquia / Turkey), As Fortificações Costeiras de Constantinopla contra Bizâncio: as
muralhas da cidade de Galata e a Fortaleza de Rumeli Hisan / The Coastal Fortifications of Constantinople
against Byzance: Galata City Walls and Rumeli Hisarı Fortress.
10h50 – Sidh Mendiratta e / and Joaquim Santos (Portugal / Portugal), As Fortificações das Ilhas de Diu e
Tiswadi (1510-1961) / The Fortifications of the Islands of Diu and Tiswadi (1510-1961).
11h10 – Pausa café / Coffee break
11h30 – Michel van der Meerschen (Bélgica / Belgium), As Fortificações da Cidade de Marraquexe / The
Fortifications of the City of Marrakesh
11h50 – Pedro Dias (Portugal / Portugal), Novos Dados sobre a Fortificação da Ilha de Moçambique / New
Data about Mozambique Island Fortification
12h10 – Astrid Debold-Kritter (Alemanha, Germany), A Cidade-fortaleza de Teresin / The City-fortress of
Teresin
12h30 – Discussão e Notas / Debate and Notes
13h00 – Pausa / break
14.00 – Hastear bandeiras na Câmara Municipal / Flags hoisting in the City Hall
15h00 – Visita Técnica do Seminário / Technical Visit of the Seminar (Fuerte de Ciudad Rodrigo)
18h30 – Seminário: 2ª SESSÃO / Seminar : 2nd SESSION
– Saleh Lamei (Egipto / Egypt), Fortificações durante o Estado Mameluco. A Cidadela Qa’itbay de
Alexandria / Fortifications during Mamluk State. The Qa’itbay Citadel of Alexandria
18H50 – Giora Solar (Israel / Israel), Fortificações dos Cruzados em Israel / Crusaders Fortifications in
Israel
19h10 – Bruno Maldoner (Áustria / Austria), O caso de Hohensalzburg / The case of Hohensalzburg
19h30 – Discussão e Notas / Debate and Notes
19h30 – Arriar bandeiras na Câmara Municipal / Flags striking in the City Hall
20h00 – Pausa / break
21h00 / 24h00 – Recriação Histórica / Historical Re-enactment
Colocação de sentinelas nas portas da Vila. Rondas./Putting sentries in the Gates. Patrols.
24h00 – Animação Musical na escadaria do Quartel das Esquadras./ Musical animation in
the Steps of the Quartel das Esquadras.

29 AGOSTO / August, Sábado / Saturday
09h00 – Hastear bandeiras na Câmara Municipal./ Flags hoisting in the City Hall
10h00 – 12h00 – Recriação Histórica / Historical Re-enactment
Deslocação do Exército Imperial Francês através do percurso assinalado./ Raid by the
French Imperial Army trough the walkway marked in the map.
Combates de Infantaria e de Artilharia ao longo do percurso./ Combats of Infantry and
Artillery along the way.Assalto do Exército Imperial Francês à barricada situada no centro
da aldeia de Freineda (ver figura)./ Assault by the French Imperial Army to the barricade in
the centre of the village of Freineda (see figure).
Conquista da barricada e recuo do Exército Luso-britânico da aldeia./ Conquest of the
barricade and retreat of the Portuguese-British Army from the village.
12h00 – Cerimónia evocativa em Freineda, junto à casa Wellington e ao monumento
comemorativo, com a presença de todas as forças participantes./ Evocative ceremony in
Freineda, in front of the house of Wellington and the commemorative Monument, with the
participation of all participant forces.
INÍCIO DO PERCURSO ABASTECIMENTO DE ÁGUA 1ºCONFRONTO FIM DE PERCURSO
ARTILHARIA ANGLO-LUSA SUPORTE DE APOIO A RECRIADORES BARRICADA/ CASA WELLINGTON
13h00 – Pausa / break
14h30 – Regresso a Almeida./ Return to Almeida.
15h00 – Seminário: 3ª SESSÃO / Seminar : 3rd SESSION
– Milagros Flores Román (E. U. da América / U. S. of América), As Fortificações Abaluartadas de San
Juan (Porto Rico) / San Juan Bulwarked Fortifications (Puerto Rico)
15h20 – Thomas Dracky (República Checa, Czech Republic),
15h40 – Anand Singh Bawa (Índia / India), Fortalezas Portuguesas na Costa Ocidental da Índia / Portuguese
Forts on the West Coast of India
16h00 – Adriano Vasco Rodrigues e / and José Paulo Berger (Portugal / Portugal). A Fortaleza de Alorna /
The Alorna Fortress
16h20 – Pausa café / Coffee break
16h40 – Vasco Massapina (Portugal /Portugal), Baluartes de Beja – Estrutura e evolução das muralhas da
cidade / Beja bastions – Structure and evolution of the city walls.
17h00 – Rui Carita (Portugal / Portugal) – Engenheiro-mor Manuel de Azevedo Fortes e a Praça Forte de
Almeida /
17h20 – Betina Adams (Brasil / Brazil). O sistema defensivo da Ilha de Santa Catarina: consolidando a
presença portuguesa nas Américas / The defensive sistem of Santa Catarina Island: consolidating the
Portuguese presence in Américas.
17h40 – Fernando Cobos-Guerra (Espanha / Spain). A Fronteira de Portugal e a Raia Luso-Espanhola / The
Frontier of Portugal and the Portuguese-Spanish Border-line.
18h00 – Discussão e Fim do Seminário / Debate and end of Seminar.
18h15 – Encerramento pelo Presidente do Município / Closing by the Mayor.
18h30 – Inauguração do Museu Histórico-Militar / Inauguration of the Historical-
Military Museum / Baluarte de São João de Deus / São João de Deus Bulwark.
19h00 – Cerimónia de atribuição de medalhas a elementos do GRHMA. / Ceremony of
imposing medals to the GRHMA members.
19h30 – Arriar bandeiras na Câmara Municipal./ Flags striking in the City Hall
20h00 – Pausa / break
22h00 – Recriação Histórica / Historical Re-enactment
Instalação do Exército Imperial Francês nas posições de assalto. Instalação do exército
Luso-Britânico nas posições de defesa das muralhas de Almeida. / Positions of the French
Imperial Army for the assault. Position of the Portuguese-British Army to the defence of the
walls of Almeida Fortress.
Assalto e defesa da Vila de Almeida. Fecho das portas de S. Francisco e retirada do
Exército Imperial Francês. / Assault and defence of the Almeida Stronghold. Closing of the
São Francisco Gate and retreat of the French Imperial Army.
EXÉRCITO FRANCÊS EXÉRCITO ANGLO-LUSOS PORTAS DE SÃO FRANCISCO DISTRIBUIÇÃO ÁGUA figura 7
23h30 – Fim das actividades nocturnas. / End of night activities.
24h00 – Fogo de artificio organizado pela Comissão de Festas de N. Sr.ª das Neves, em
colaboração com o Município. / Fireworks organized by the Commission of the Festivities
of Our Lady of Neves, with the collaboration of the City Hall.
00h30 – Animação Musical com os “Rilufe”, da responsabilidade da Comissão de Festas na
Área Festiva, junto à Porta Nova./ Musical animation with the “Rilufe”, organized by the
Commission of the Festivities, in the Party Area, near the “New Gate”.

30 DE AGOSTO, Domingo / Sunday
09h00 – Cerimónia oficial de hastear bandeiras na Câmara Municipal, com a presença das
Autoridades Civis e Militares./ Official ceremony of hoisting flags in the City Hall, in the
presence of Civilian and Military Authorities.
09h30 – Desfile e Cerimónia evocativa na Praça Alta, Baluarte de Santa Bárbara./ Parade
and evocative ceremony in the High Arms Square, Santa Bárbara Bastion.
10h00 – Cerimónia evocativa aos mortos do Cerco de Almeida, no sítio do Castelo./
Evocative Ceremony to the siege deaths in the Castle site
10h30 – Recriação Histórica / Historical Re-enactment
CÂMARA MUNICIPAL PRAÇA ALTA PORTAS DE SÃO FRANCISCO figura 8
Desfile das forças presentes até às portas de S. Francisco (ver figura). / Parade of the
military forces until the Gate of São Francisco.
Posicionamento do exército imperial francês à entrada das portas de S. Francisco.
Posicionamento do exército Luso-britânico na defesa das muralhas e das portas./ Positions
of the French Imperial Army in front of the Gate of São Francisco. Positions of the
Portuguese-British Army defending the curtains and the Gate.
Obstáculos no percurso de combate (figura abaixo) e instalação do último reduto./
Obstacles in the battle walk (figure bellow) and installation of the last redoubt.
Combates de artilharia e mosquete; assalto e entrada do Exército Imperial Francês pelas
Portas de S. Francisco; combates através das ruas e muralha da fortaleza. Assalto ao último
reduto e explosão do paiol (ver figura)./ Combats with artillery and muskets, assault and
entry in the Gate of São Francisco by the French Imperial Army; combats in the streets and
curtains of the fortress. Assault to the last redoubt and explosion of the powder magazine
(see figure).
EXÉRCITO FRANCÊS EXÉRCITO ANGLO-LUSO EXPLOSÃO DO PAIOL COMBATES DE RUA figura9
12h00 – Formação das forças presentes. Cerimónia de agradecimento aos participantes e
distribuição de medalhas comemorativas. / Presentation of the forces in presence.
Ceremony of thanks and distribution of commemorative medals.
12h30 – Missa / Mass
13h30 – Pausa / break
15h30 – Inauguração da Exposição “Portugalliae Civitates, Perspectivas Cartográficas
Militares”/ Inauguration of the Exhibition “Portugalliae Civitates, Military Cartographic
Perspectives - Portas Interiores de / Interior Gates of Santo António
16h00 – Apresentação Pública do Dossiê de Candidatura das Fortificações de Almeida
a Património Mundial – UNESCO./ Public Launching of the Dossier for the Candidacy
of Almeida’s Fortifications as UNESCO World Heritage.
Local: CEAMA, Portas Exteriores de Santo António / External Gate of Santo António
- João Campos, Coordenador do Dossiê / Coordinator of the Dossier
- Adriano Vasco Rodrigues, Decano dos Professores do Município / Dean of the professors
of the Municipality. Almeida: Património Edificado. Inovação. Progresso / Almeida:
Built Heritage. Innovation. Progress
- José Miguel Correia Noras, Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico
/ Portuguese Association of the Municipalities with Historical Centres.
- António Baptista Ribeiro, Presidente da Câmara Municipal / Mayor.
- Assinatura do Protocolo entre a Câmara Municipal de Almeida e a Associação
Portuguesa de Municípios com Centro Histórico para a criação da sua Delegação no
CEAMA. / Signature of a protocol between the Municipality of Almeida and the
Portuguese Association of the Municipalities with Historical Centres, to create its
Delegation at CEAMA.
17h00 – Descerramento de placa da Delegação pelo presidente da C.M.A. e pelo
Secretário-Geral da A.P.M.C.H. / Unveil of the plaque of the Delegation Office by the
Mayor and the General Secretary of the Association.
- Pausa café / Coffee break
17h30 – 2º Simpósio de Artes de Almeida–“ICONOGRAFIA DO SAGRADO E ARTE
PÚBLICA” / 2nd Symposium of Arts of Almeida–“ICONOGRAPHY OF THE SACRED
AND PUBLIC ART” – CEAMA, Portas Exteriores de / Exterior Gates of Santo António
Com a participação dos Autores dos Retábulos, Pintores / With the participation of the
Retables Authors, the Painters José Emídio, Alberto Péssimo e/and Luís Calheiros.
- Conferências pelas Especialistas em História da Arte (Docentes de Arquitectura da Escola
Superior Artística do Porto - ESAP) / Lectures by the Specialists in History of Art
(Professors of Architecture at ESAP) Cidália da Cruz Henriques e/and Fátima Marques
Pereira.
- Convite do Presidente da Câmara Municipal para a celebração final das Comemorações
2009 / Invitation of the Mayor for the final celebration of this year Commemorations
18h30 – Inauguração das pinturas dos retábulos dos Passos da “Via Sacra”, com
bênção dos 3 nichos pelo Pároco de Almeida / Inauguration of the paintings of the
panels of “The Steps of Via Sacra”, with benediction of the 3 niches by the Almeida’
Priest. - Rua Hintze Ribeiro (às Portas Interiores de Santo António), Rua Direita e
Praça de São João.

FIM DAS COMEMORAÇÕES 2009 / END OF THE COMMEMORATIONS 2009

sábado, 1 de agosto de 2009

1 de Agosto de 1808 - Wellesley a Castlereagh.

Em memorando, de 1 de Agosto de 1808 (num memorando de Wellesley ao ministro da guerra em Londres), Castlereagh, referia:
“Sou de opinião que a Inglaterra deve levantar, organizar e pagar um exército em Portugal. Compor-se-á de 30.000 homens de tropas portuguesas, que podem ser recrutadas em pouco tempo, e de 20.000 ingleses, 4.000 ou 5.000 dos quais serão de cavalaria. Este exército operará nas fronteiras de Portugal na Estremadura espanhola, e servirá de ligação entre a Galiza e Andaluzia. Por este meio a Grã-Bretanha terá o primeiro lugar na direcção da guerra da península, e qualquer que seja o resultado dos esforços dos espanhóis, ela salvará Portugal das garras dos franceses. Vós sabeis melhor do que eu se podeis ou não suportar esta despesa, ou em que proporção o governo português a quererá ou poderá suportar pela sua parte. Adoptando vós este projecto, tudo deve vir de Inglaterra, armas, munições, vestuário, equipamento, artilharia, farinha, aveia, etc. Estes artigos deverão ser remetidos à fronteira, em parte pela navegação do Douro e do Tejo, e em parte por outras vias”[1].

Voltará a expor as mesmas ideias num outro memorando datado de 7 de Março de 1809:
“Sempre fui de parecer que, qualquer que fosse o resultado da guerra da Espanha, era preciso defender Portugal, e que as medidas tomadas para defesa deste reino seriam também de uma grande utilidade para os espanhóis na sua guerra contra os franceses. Quanto a mim, o Estado militar de Portugal deve ser levado, como noutro tempo, a 4. 0.000 homem de milícias e 30.000 de tropas regulares, e além destas forças, sua majestade britânica deve ter em Portugal 20.000 ingleses, compreendendo neste número 4.000 homens de cavalaria, pouco mais ou menos. Penso que mesmo no caso de que a Espanha seja conquistada, os franceses não poderão submeter Portugal com menos de 100.000 homens; e que durante o tempo por que a guerra durar em Espanha, as forças portuguesas, a poderem-se pôr em actividade, serão muito úteis aos espanhóis, e poderão talvez decidir a questão;
Entretanto é evidente que o Estado militar de Portugal não poderá ser reorganizado sem um amplo socorro de dinheiro, e um apoio político por parte da Inglaterra. A única maneira que me parece segura e mesmo praticável de prestar este socorro e apoio, ou de intervir nos negocias de Portugal, debaixo da relação militar, é o encarregar o embaixador de el-rei em Lisboa de dar, ou de reter as somas que julgar necessárias para ajudar os estabelecimentos militares somente, e de lhe recomendar que vigie que as rendas de toda a natureza de Portugal sejam empregadas primeiro que tudo neste objecto. Munido destes poderes e destas instruções, o embaixador poderá certamente sindicar todas as medidas do governo português, e poderemos então esperar ter em campanha um exército português em Estado regular. Mas como nesta época não tem sido possível seguir este sistema, tendo-se a atenção do governo dirigido para outros objectos, é provável que o Estado militar de Portugal tenha feito poucos progressos. Se se considera o número de tropas inglesas que exige a defesa deste país e as outras medidas a tomar, é necessária atender por um lado ao pequeno número de tropas portuguesas e à probabilidade de um ataque próximo por parte do inimigo, e por outro à continuação da guerra em Espanha, e à probabilidade de que os franceses poderão dispor de forças numerosas antes de pouco para atacarem Portugal. Recomendarei também a adopção das medidas políticas de que mais acima falei, para levantar o Estado militar de Portugal. É provável que a despesa para este objecto não exceda neste ano a um milhão esterlinos; mas se aproveitar e a guerra continuar em Espanha e em Portugal, a vantagem que se tirar do aumento do Estado militar compensará para mais as despesas que se tiverem feito.
O exército inglês em Portugal, segundo este plano, não poderá ser menor de 30.000 homens, dos quase 4.000 a 5.000 de cavalaria, com mais um numeroso corpo de artilharia. Precisa-se de tanta cavalaria e artilharia, como digo, porque o Estado militar de Portugal carece justamente destas duas armas. A cavalaria inglesa, a alemã e a artilharia deverão servir com a infantaria portuguesa. Todo o exército de Portugal, inglês e português, será comandado por oficiais ingleses. O Estado-maior do exército, o comissariado sobretudo, serão compostos de ingleses. A importância destas administrações será proporcionada à força do exército que deverá obrar em Portugal, ao número dos postos destacados que será necessário ocupar, e às dificuldades que se poderão encontrar em achar e distribuir os víveres no país. Quanto às medidas secundárias, recomendo reforçar-se o mais breve possível o exército inglês em Portugal com algumas companhias de carabineiros ingleses, ou alemães; completar a artilharia deste exército até ao computo de 30 peças, sendo duas brigadas de 9; ter todas estas munidas de boas bestas; enviar para Portugal 20 peças de bronze de 12 sobre trens de viagem, para ocupar certas posições no país; e juntar ao exército um corpo ele engenheiros como para 60.000 homens, e um corpo de artilheiros para 60 peças de artilharia.
«Bem sei que o exército inglês actualmente em Portugal é de 20.000 homens, compreendida a cavalaria. Completar-se-ão o mais breve possível 20.000 homens de infantaria, reunindo-se-lhes os carabineiros e outra boa infantaria, bem descansada já da guerra da Espanha. Os reforços seguirão à medida que as tropas forem repousando das suas fadigas. A primeira coisa a fazei é completar o exército de Portugal em cavalaria e artilharia, servindo as peças com boas bestas, como deve ser. Imediatamente partirão logo o general e oficiais de Estado-maior, porque pode contar-se que apenas os jornais anunciarem a partida dos oficiais para Portugal, os exércitos franceses em Espanha receberão ordem ele marchar para este reino, com as vistas de chegarem antes que possamos organizar a sua defesa. É-nos preciso pois ter tudo sobre o terreno, ou pelo menos antes de haver algum despertamento em Inglaterra, quanto aos nossos projectos. Alem dos artigos acima enumerados, é preciso enviar quanto antes para Lisboa 30.000 armas, fardamentos e sapatos para o exército português»
[2].

[1] Simão José da Luz Soriano, ibidem, vol 2, 2 época, p.97.
[2] Simão José da Luz Soriano, ibidem, vol 2, 2 época, p.94 e Sir Arthur Wellesley, “Memorandum on the Defense of Portugal, 7 March 1809”, Wellington’s Dispatches…, vol. IV, London, 1837, pp.261-263.