sábado, 21 de março de 2009

Há 200 Anos. “Quartel-General do Calhariz, 21 de Março de 1809"

ORDEM DO DIA
“Quartel-General do Calhariz, 21 de Março de 1809
O Senhor Marechal Comandante em Chefe do Exército, considerando quanto é importante haver um Comandante de Artilharia, tanto para a boa organização desta, para o método, e facilidade da expedição das Ordens relativas; declara Comandante da Artilharia o Senhor Brigadeiro José António da Rosa, e determina que os quatro Regimentos de Artilharia, e Destacamentos dos mesmos, que por qualquer motivo estiverem separados, lhe enviem já e daqui em diante os Mapas e Partes competentes, e executem todas as ordens que ele lhes expedir, continuando os referidos Regimentos e Destacamentos a estarem sujeitos ao Comando do Exército, ou distrito em que se acharem, e comunicando tudo o que este lhe mandar cumprir ao mesmo Senhor Brigadeiro declaram-se Ajudantes de Ordens do Senhor Marechal Beresford o Senhor Major Warre, o Senhor Capitão Sewell, o Senhor Capitão Conde de Lumiares, Tenente que era do Regimento de Infantaria nº 10, e o Senhor Capitão D. José Luiz de Sousa, Tenente Graduado que era do Regimento de Cavalaria nº 1. As divisas dos Ajudantes de Ordens do Senhor Marechal Beresford, são com farda de Ajudantes de Ordens, duas dragonas bordadas de ouro, com fundo azul, e cachos de ouro. Ordena o Senhor Marechal Beresford, que o lugar de Porta-Bandeira seja considerado lugar de distinção, e que os Senhores Comandantes de Corpos só nomeiem para Porta-Bandeiras os Cadetes mais capazes. Recomenda o Senhor Marechal Beresford, que os Senhores Comandantes de Corpos, tanto de Linha como de Milícias, tenham a maior atenção, em que os Soldados conservem as Armas «em bom Estado - Ajudante Geral Manoel de Brito Mosinho»”.

domingo, 15 de março de 2009

Há 200 Anos."Ordem do Dia de 15 de Março de 1809"

Esta é a primeira Ordem do dia de Beresford.


ORDEM GERAL
“Havendo se dignado Sua Alteza Real o Príncipe Regente de Portugal de confiar ao Marechal Beresford o Comando-em-Chefe dos seus Exércitos, julga ele do seu dever, ao entrar no dito Comando, dirigir se e patentear a todos os seus companheiros de Armas os seus sentimentos nesta ocasião.
O Marechal Comandante-em-Chefe mediante o Emprego, que ocupava no Exército enviado por Sua Majestade Britânica, para auxiliar nos admiráveis e prodigiosos esforços, que os Portugueses fizeram para restaurar a sua Liberdade, e Independência, tão injustamente atacadas, teve ocasião de estudar, e conhecer a fundo a índole e carácter Militar desta Nação; e bem que esteja persuadido de haver-lhe dado a mais clara prova da vantajosa ideia, que dela forma, na aceitação que acaba de fazer do referido Comando, deseja todavia, e espera mostrar lhe do modo mais decisivo, que a nenhum outro Oficial poderia ser confiado o Comando-em-Chefe do Exército Português, que estivesse tão intimamente convencido das disposições, e talentos Militares inerentes aos Portugueses, aos quais qualquer ensino, e uniformidade na sua direcção, bastará para mostrarem que eles são hoje o que sempre foram, senão os melhores, ao menos iguais aos mais valorosos, e intrépidos da Europa; e por isso o Comandante-em-Chefe procurará com a maior aplicação e desvelo dar a estas qualidades aquela eficácia, e energia, que elas costumam adquirir, quando são auxiliadas por uma Disciplina bem regulada.
É universalmente reconhecido que os Portugueses são leais ao seu Soberano, obedientes às Autoridades legítimas, que o representam, e sofredores das privações e incómodos, que os Exércitos as mais das vezes experimentam; o Patriotismo, e Energia, e Entusiasmo, de que acabam de dar as mais evidentes provas; a glória que adquiriram no Roussillon; os derradeiros sucessos nas Fronteiras do Norte, e Nordeste atestam a sua resolução, valor, e intrepidez; qualidades, que os tornam dignos dos seus Antepassados, e tão famosos como eles. Por tanto, Portugueses, ninguém desenvolve melhores disposições para serdes a melhor Tropa; e convencido desta verdade, o Marechal Comandante-em-Chefe se vê com o maior prazer identificado com a Nação Portuguesa: Ele é um Oficial Português, e aos Portugueses confia a sua honra, e a sua reputação, bem seguro de que lhe hão-de ser vantajosamente restituídas. O Marechal Comandante-em-Chefe julga necessário protestar-vos, que ele considerará sempre como um dos seus mais importantes deveres o fazer realçar o merecimento, onde quer que ele aparecer; e que a única recomendação para ele atendível, será o zelo, a inteligência, a actividade, o valor, o patriotismo; qualidades, que encontrarão nele sempre um decidido, e activo Protector. O Marechal e Comandante-em-Chefe chama a atenção de todos os Oficiais Generais, e Subalternos sobre o Estado actual, e melhoramento do Exército; e convencido que o melhor método de introduzir nos Corpos Militares a Disciplina, e exacta observância dos deveres, é o exemplo dos Oficiais, espera que eles não faltarão aos seus Soldados com uma tão importante e necessária Lição. Espera com impaciência o Marechal Comandante a primeira ocasião de visitar, inspeccionar assim os diferentes Corpos, que se acham já em Campanha, como todos os demais do Exército; e aproveitará todas as ocasiões de promover a satisfação, decoro, e vantagem dos Oficiais, e Soldados, que se lhe confiaram Quartel-General.

Lisboa 15 de Março de 1809 = Assinada pelo Senhor Marechal”

quarta-feira, 11 de março de 2009

Decreto de nomeação.

Tendo consideração ás qualidades, merecimentos e experiência militar que concorrem na pessoa de Guilherme Carr Beresford, tenente general ao serviço, de sua majestade el-rei da Grã-bretanha: confiando de quem ele é, que em tudo o de que o encarregar se empregará muito ao meu contentamento, acrescentando no serviço do meu exército a distinta reputação que lhe têm adquirido as sucessivas provas que tem dado do seu merecimento nas guerras em que tem sido empregado, e querendo por todo o referido dar-lhe um autentico testemunho da estimação e confiança que dele faço: hei por bem nomeá-lo marechal dos meus exércitos, e encarregando-o do comando em chefe das tropas deste reino para o exercitar enquanto eu o houver por bem, e com toda a jurisdição que como tal lhe compete 11 conformidade das leis e regulamentos militares.

O conselho de guerra o tenha assim entendido e lhe faça expedir logo os despachos necessários. Palácio do governo, em 7 de Março de 1809 = (Com duas rubricas dos governadores do reino.)
Aviso para Guilherme Carr Beresford

Illmº e exmo Sr. -O príncipe regente nosso senhor manda remeter a V. ex. a a inclusa carta regia, pela qual o mesmo senhor é servido que v. ex., independentemente de patente que se lhe deve passar pelo conselho de guerra, passe logo a exercer as funções de marechal dos seus exércitos com o comando em chefe de todas as tropas deste reino, como se declara na mesma carta regia, que tem a data de 7 deste mes. Repito a v. ex. a os fieis protestos da minha muito distinta consideração.
Deus guarde a V. ex. a Palácio do governo, em 10 de Março de 1809. =D. Miguel Pereira Forjaz.
Carta regia
Guilherme Carr Beresford, tenente general ao serviço de sua majestade el-rei da Grã-bretanha. Eu o príncipe regente vos muito saudar. Tendo-vos conferido pelo meu decreto da data de hoje o posto de marechal dos meus exércitos com o comando em chefe de todas as Tropa deste reino, e com a jurisdição que como tal vos compele, na conformidade das leis e regulamentos militares; e convindo ao bem do meu real serviço que independentemente da patente que se vos deve passar pelo meu conselho de guerra, tomeis desde já o mesmo comando, pareceu-me conveniente comunicá-los esta minha real determinação para que possais logo exercer as funções do posto que vos tenho confiado, na certeza de que tenho mandado expedir as necessárias participações a todos os governadores das províncias deste reino, aos inspectores das diferentes armas e aos comandantes de divisão do meu exército. Assim o tereis entendido e cumprireis. Escrita no palácio do governo, em 7 de Março de 1809 = Marquês das Minas = Conde Monteiro Mor.”

terça-feira, 10 de março de 2009

Aviso Real de 9 de Janeiro de 1809

“Governadores do reino de Portugal e dos Algarves. Amigos, Eu o príncipe regente vos envio muito saudar como aqueles que amo e prezo. Sendo indispensável escolher e chamar para o meu real serviço um general muito hábil e experimentado, que possa levar o meu exército, em disciplina, exercício e actividade nas três armas de que o mesmo se compõe, ao maior ponto de perfeição, e que fique assim no caso de medir-se com as melhores tropas do meu inimigo, assim como sendo muito necessário que o sistema de defensa geral do reino se organize debaixo dos princípios os mais seguros, unindo-se também um plano económico que faça permanente o mesmo sistema: fui servido encarregar da escolha deste general ao meu enviado extraordinário e ministro plenipotenciário em Londres, para que, de acordo com o ministro de sua majestade britânica, nomeasse o general e ajustasse com ele as condições com que deverá entrar ao meu serviço; e vós auxiliareis depois todas as suas ideias e planos, sustentando uma exacta e rigorosa disciplina, a fim de que se colham os frutos de uma tão necessária resolução, e dando-me conta de todos os esforços que fizerdes para este desejado fim, tendo em vista a constância e firmeza com que o senhor D. José I, de gloriosa memoria, meu senhor e avô, sustentou os planos do conde de La Lippe, de que se seguiram tão grandes vantagens; e tudo combinareis com o mesmo meu enviado extraordinário e ministro plenipotenciário em Londres, a fim de, que nada falte para o complemento deste objecto, em que tanto interessa o meu real serviço. O que assim tereis entendido e cumprireis. Escrita no palácio do Rio de Janeiro, em 9 de Janeiro de 1809. = PRÍNCIPE. Está conforme

segunda-feira, 9 de março de 2009

Escolha do general para organizar e assumir o comando do exército português

Excerto do ofício dirigido do Rio de Janeiro a D. Domingos António de Sousa Coutinho sobre a escolha de general para organizar e assumir o comando do exército português.


Conhecendo também sua alteza real a suma necessidade que é para o reino chamar um general que possa organizar o exército de Portugal nas três essenciais armas, e que forme um corpo numeroso, escolhido e bem disciplinado, de que possa depois destacar uma grande força para a defesa da Espanha, de flui tão essencialmente depende a de Portugal, que mal conservaria a sua independência se Espanha perdesse a sua; portanto, é sua alteza real servido que v. s. a, tendo somente em vista o interesse do real serviço e do reino, e de acordo com esse ministério, escolha algum general que seja dos melhores e dos mais capazes de criar um bom exército e com boa disciplina, que mereça toda a confiança, e que com ele ajuste o que se lhe deve dar e a patente com que há-de servir a sua alteza real, sendo só para desejar que pile possa fazer em Portugal os mesmos prodígios que em 1762 operou o conde de La Lippe, e que nunca mais, apesar dos muitos e grandes esforços que sua alteza real fez para o mesmo fim, poderão tornar a conseguir-se.
Lembra Sir Arthur Wellesley haver quem apontasse o general Beresford, pois que ele poderia ajudar também o governo com luzes administrativas e de fazenda; mas nada sua alteza real quer lembrar directamente v. s. a. quanto à pessoa, porque, confiando do zelo, fidelidade e inteligência de v. s. a., quer deixar-lhe toda a Liberdade nesta difícil em preza, e faze-lo responsável do importante acerto e de que fica encarregado.
V. S. poderá segurar ao general que julgar dever escolher, que sua alteza real não só o manda recomendar aos governadores do reino, como verá da carta regia de que lho remeto copia, mas que sua alteza real ordena aos mesmos que em tudo sustentem e façam executar as suas ideias com aquela energia que pede o difícil e critico momento actual, e que o seu plano deverá estender-se a organizar uma boa e firme infantaria, uma bem adestrada cavalaria e uma artilharia de posição e a cavalo, que nada deixe a desejar, alem do corpo de milícias que possa combinar-se com as tropas de linha e segurar a defesa do reino, entrando também no sistema de chefe geral que poderá organizar-se, conservando e erigindo de novo as praças que se julgarem necessárias, estabelecendo o soldo competente, e propondo as convenientes economias, para que este exército móvel e sempre pronto a entrar em campanha seja, contudo, o menos dispendioso possível.
Realizar estas luminosas vistas e planos de sua alteza real é de suma dificuldade; mas v. s. a. fará os maiores esforços para conseguir este fim com a dexteridade e energia que merecem que sua alteza real lhe de esta demonstração de confiança em ponto tão essencial.
Deus guarde a v. s. a. Palácio do Rio de Janeiro, em 9 de Janeiro de 1809. = Conde de Linhares
.”