quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Estado do Regimento de Lagos em 1811.

ESTADO MAIOR
Coronel lugar vago
Tenente-Coronel João Telles de Menezes e Mello
Major John MacDonald
Major Lourenço Martins Pegado
Ajudante Tenente Pedro José Pereira
Ajudante Tenente José de Mello de Brito
Quartel-Mestre Tenente João Nepomuceno de Attaide
Secretario -
Capelão Padre José Maurício

ESTADO MENOR
CirurgiãoMor Capitão António José da Costa Lima
Ajudante de Cirurgião Tenente José Joaquim Franco
Ajudante de Cirurgião Tenente Luís José Rodrigues
Ajudante de Cirurgião Tenente José Romão Pereira Nillo
Ajudante de Cirurgião Tenente Nicolau Joaquim Aguas
Ajudante de Cirurgião -
Ajudante de Cirurgião -
Tambor-Mór -
Cabo de tambores -
Espingardeiro -
Coronheiro -

MÚSICOS
Mestre de Musica -
Segundo Mestre -
Musico -
Musico -
Musico -
Musico -
Musico -
Musico -
Bombo -
Rufo -


CAPITÃES
Capitão 1ª Companhia Dugald Campbell
Capitão 2ª Companhia -
Capitão 3ª Companhia João Rosendo Mendonça
Capitão 4ª Companhia Francisco de Paula Biker
Capitão 5ª Companhia Francisco Correia Leote
Capitão 6ª Companhia -
Capitão 7ª Companhia Dugald McGibon
Capitão 8ª Companhia Lazaro Soares de Almeida
Capitão Companhia 2ª Granadeiros António Correia Leote
Capitão Companhia 1ª Granadeiros Robert Ray


TENENTES
Tenente 1ª Companhia António Maria Pinto
Tenente 2ª Companhia Ludovico José da Rosa
Tenente 3ª Companhia Francisco Rebello de Moura
Tenente 4ª Companhia José Cândido de Mendonça
Tenente 5ª Companhia João de Almeida
Tenente 6ª Companhia José Anacleto Cabrita
Tenente 7ª Companhia Simão Manoel de Azevedo
Tenente 8ª Companhia Joaquim Manoel da Fonseca e Sousa
Tenente 1ª Granadeiros Joaquim Anastácio Lobo
Tenente 2ª Granadeiros Manoel Alexandrino Pereira

ALFERES
Alferes 1ª Granadeiro Manoel de Abreu Madeira
Alferes 2ª Granadeiro Joaquim Leonardo de Mendonça


Alferes 1ª Companhia Gaspar Villa Lobos
Joaquim Carlos Viana
Alferes 2ª Companhia Francisco Hipólito
Alferes 3ª Companhia João da Silva Fragoso
José Maria da Nobrega
Alferes 4ª Companhia José Pedro Tavares
Alferes 5ª Companhia José Roberto Botelho
Alferes 6ª Companhia Bento José Tavares
Alferes 7ª Companhia Francisco Correia da Silva
Henrique Luís da Fonseca
Alferes 8ª Companhia Theotonio Borges da Silva
António Silvestre de Sousa

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

INFAME PROCEDIMENTO DE DOM PEDRO DE ALMEIDA, MARQUEZ DE ALORNA.


TENDO VISTO SUA ALTEZA REAL... O INFAME PROCEDIMENTO DE DOM PEDRO DE ALMEIDA, MARQUEZ DE ALORNA... MANDA O PRINCIPE REGENTE NOSSO SENHOR DECLARAR O DITO PEDRO DE ALMEIDA REO DE LESA MAGESTADE DE PRIMEIRA CABECA……Tendo visto Sua Alteza Real... o infame procedimento de Dom Pedro de Almeida, Marquez de Alorna... manda o Principe Regente nosso senhor declarar o dito Pedro de Almeida réo de lesa magestade de primeira cabeça…… [Visual gráfico]. - [S.l. : s.n.], 1810 ([Lisboa] : na Impressão Regia. - 1 cartaz : p&b ; 31x22 cm. - O 3.º Marquês de Alorna, foi condenado à morte em Juízo de Inconfidência pela colaboração activa com o invasor. - Com espaço em branco para as rubricas dos cinco Governadores do Reino. - Não il.. - BN - "300 Anos do cartaz em Portugal". Lisboa, 1975, nº 13


Biblioteca Nacional

Regimento de Lagos- 1806- Recapitulando.

ESTADO MAIOR
Coronel António Hypólito da Costa.
Tenente-Coronel José Joaquim Ribeiro Lima.
Major Francisco Xavier Bustof.
Major Francisco Ribeiro Barata
Ajudante José Pereira de Lacerda
Ajudante João Rezende de Mendonça Pessanha
Quartel-Mestre Francisco de Paula Franco
Secretario Manoel Joaquim Correa
Capelão Padre José Maurício Sotto Maior

ESTADO MENOR
CirurgiãoMor António Camilo Pereira
Ajudante de Cirurgião António José de Lima Leitão
Ajudante de Cirurgião José Joaquim D´Oliveira
Ajudante de Cirurgião José Joaquim Franco
Ajudante de Cirurgião Luiz de José Miranda
Ajudante de Cirurgião João Romão Rodrigues Netto
Ajudante de Cirurgião Nicolau Joaquim Aguas
Tambor-Mór José Pedro
Cabo de tambores Joaquim Corrêa
Espingardeiro Joaquim José de Carvalho
Coronheiro Joaquim António d'Almeida

MÚSICOS
Mestre de Musica João Francisco Palheta
Segundo Mestre Manoel Francisco Chorim
Musico Manoel del Real
Musico Joaquim da Cruz Chorim
Musico Francisco António Nariguetta
Musico Francisco Gonçalves
Musico Carlos José
Musico Ignacio José
Bombo José Joaquim Picanço
Rufo José Joaquim


CAPITÃES
Capitão Companhia Granadeiros Diogo Rebelo Tavares
Capitão 1ª Companhia Álvaro de Macedo Pestana Coutinho
Capitão 2ª Companhia António Félix de Lacerda
Capitão 3ª Companhia João Manuel Mascarenhas d´ Andrade
Capitão 4ª Companhia Francisco de Paula Biker
Capitão 5ª Companhia Lourenço Martins Pegado
Capitão 6ª Companhia João Velloso Pessanha Cabral
Capitão 7ª Companhia Manuel de Mello
Capitão 8ª Companhia José Anacleto Lobo da Veiga
Capitão Companhia Caçadores José de Sousa Soares


TENENTES
Tenente Granadeiro Antonio Corrêa Leotte
Tenente 1ª Companhia Manoel Alexandre Pereira da Silva
Tenente 2ª Companhia Lazaro Soares d´Almeida
Tenente 3ª Companhia Pedro José Moreira
Tenente 4ª Companhia João Xavier Bustorf
Tenente 5ª Companhia - ?
Tenente 6ª Companhia António Maria Pinto
Tenente 7ª Companhia Simão Manuel d´ Azevedo Coutinho
Tenente 8ª Companhia Joaquim Manuel da Fonseca Silva
Tenente Caçadores António Correia Leotte

ALFERES
Alferes Granadeiro João Napomuceno d'Athayde
Alferes 1ª Companhia Francisco Rebello de Moura
Alferes 2ª Companhia José Anacleto Cabrita
Alferes 3ª Companhia José Xavier Bustorf
Alferes 4ª Companhia Loduvico José da Rosa
Alferes 5ª Companhia - José Mello de Brito
Alferes 6ª Companhia Joaquim Anacieto Lobo
Alferes 7ª Companhia José Candido d'Almeida
Alferes 8ª Companhia Francisco Correia Reboredo
Alferes Caçadores João Manuel Bandarra

PORTA-BANDEIRAS
Heitor Leão Banha
João da Silva Fragoso
Manuel Gerardo de Sousa

CADETES
Granadeiro Francisco de Paula Cabrita
Granadeiro José Corrêa de Lacerda .
Granadeiro Manuel Amâncio Biker
2ª companhia Gaspar de Villa Lobos
3ª companhia Joaquim Raphael de Lacerda
4ª companhia Bento José Tavares
5ª companhia José Pedro Tavares
6ª companhia José Maria da Nobrega
7ª companhia José Fortunato d'Azevedo
Caçadores Simão Francisco Cabrita
Caçadores Francisco Xavier Paiva

SARGENTOS
Granadeiro
Joaquim Manoel Martins
João Netto de Lima
1ª Companhia
José Silvério
Eugénio Dionísio
Manoel Joaquim Chibante
2ª Companhia
Lazaro da Silva Ferreira
Balthasar José Ribeiro Alvarenga
3ª Companhia
Manoel Viegas Cabrita
Pedro José da Costa Franco
4ª Companhia
Antonio Lobo
Vicente de Paula Rocha.
José Joaquim Corrêa .
5ª Companhia
José Miguel Aguiar
Sebastião de Pina Rosado
6ª Companhia
Antonio Joaquim do Carmo
Pedra Lino Abreu
7ª Companhia
Baptista da Silva Ferreira
Francisco de Paula Athayde
8ª Companhia
José Duarte
Francisco Duarte Furtado
Caçadores
José Veríssimo d' Almeida
Lourenço José

FURRIÉIS
Granadeiro
Manoel .Martins Rochate
1ª Companhia
Joaquim dos Santos Pincho
2ª Companhia
José Pedro
3ª Companhia
Manoel Antonio Fialho
4ª Companhia
Francisco Batista da Silva
5ª Companhia
Bernardo José da Veiga
6ª Companhia
Antonio Pedro Corrêa Salta
7ª Companhia
Joaquim de Sant'Anna
8ª Companhia
José da Silva Severo
Caçadores
Manoel José Gomes

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

General Manley Power


São raras as imagens dos oficiais britanicos que serviram no exército portugues durante a Guerra Peninsular.


Há pouco tempo, foi leiloada no Ebay uma miniatura de um desses grandes oficiais.

Trata-se do General Manley Power , com as suas condecorações. Bem visivel entre outras, a gravata e placa da Torre e Espada e a Medalha de Comando Portuguesa.
Tambem visiveis a ravata e placa da Ordem do Banho.
Ao pescoço a invejavel e unica cruz de ouro britanica da Guerra Peninsular, com a sua fita azul e vermelha.


Junto à imagen da miniatura, coloco uma pequena biografia, tal como sairá no livro já entregue à minha editora, volume dedicado às Divisões e Brigadas de Infantaria.


Estas são as carecateriticas tal como foram inseridas no Ebay.

Creation Year: ca 1820-30
Technique: gouache on ivoryMeasurements (unframed):
Measurements (framed): 10.7 by 9.8 cm period gilt brass frame
Style/subject: realism/portrait
Inscription: unsigned, inscribed at verso
Condition: good, ready to hang, vertical crack at centre
Restoration: no

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Alegoria à expulsão do exército francês de Portugal


SILVA, Joaquim Carneiro da, 1727-1818 [ Alegoria à expulsão do exército francês de Portugal ] [Visual gráfico]J.m Carneiro da Silva inv. 1809. - 1 desenho : tinta da china com aguadas ; 15,6x17,7 cm . - Parte do nome do autor escrita a lápis. - A. Aires de Carvalho - Catálogo da colecção de desenhos. BN, 1977, n.º 119

domingo, 21 de dezembro de 2008

Estado do Regimento de Infantaria de Lagos em 1806 - Porta-Bandeiras, Cadetes, Sargentos e Furrieis.

PORTA-BANDEIRAS
Heitor Leão Banha
João da Silva Fragoso
Manuel Gerardo de Sousa

CADETES
Granadeiro Francisco de Paula Cabrita
Granadeiro José Corrêa de Lacerda .
Granadeiro Manuel Amâncio Biker
2ª companhia Gaspar de Villa Lobos
3ª companhia Joaquim Raphael de Lacerda
4ª companhia Bento José Tavares
5ª companhia José Pedro Tavares
6ª companhia José Maria da Nobrega
7ª companhia José Fortunato d'Azevedo
Caçadores Simão Francisco Cabrita
Caçadores Francisco Xavier Paiva

SARGENTOS

Granadeiro
Joaquim Manoel Martins
João Netto de Lima
1ª Companhia
José Silvério
Eugénio Dionísio
Manoel Joaquim Chibante
2ª Companhia
Lazaro da Silva Ferreira
Balthasar José Ribeiro Alvarenga
3ª Companhia
Manoel Viegas Cabrita
Pedro José da Costa Franco
4ª Companhia
Antonio Lobo
Vicente de Paula Rocha.
José Joaquim Corrêa .
5ª Companhia
José Miguel Aguiar
Sebastião de Pina Rosado
6ª Companhia
Antonio Joaquim do Carmo
Pedra Lino Abreu
7ª Companhia
Baptista da Silva Ferreira
Francisco de Paula Athayde
8ª Companhia
José Duarte
Francisco Duarte Furtado
Caçadores
José Veríssimo d' Almeida
Lourenço José

FURRIÉIS

Granadeiro - Manoel .Martins Rochate
1ª Companhia - Joaquim dos Santos Pincho
2ª Companhia - José Pedro
3ª Companhia - Manoel Antonio Fialho
4ª Companhia - Francisco Batista da Silva
5ª Companhia - Bernardo José da Veiga
6ª Companhia - Antonio Pedro Corrêa Salta
7ª Companhia - Joaquim de Sant'Anna
8ª Companhia - José da Silva Severo
Caçadores -Manoel José Gomes

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Estado do Regimento de Infantaria de Lagos em 1806- Tenentes e Alferes.

TENENTES

Tenente Granadeiro Antonio Corrêa Leotte
Tenente 1ª Compª Manoel Alexandre Pereira da Silva
Tenente 2ª Compª Lazaro Soares d´Almeida
Tenente 3ª Compª Pedro José Moreira
Tenente 4ª Compª João Xavier Bustorf
Tenente 5ª Compª - ?
Tenente 6ª Compª António Maria Pinto
Tenente 7ª Compª Simão Manuel d´ Azevedo Coutinho
Tenente 8ª Compª Joaquim Manuel da Fonseca Silva
Tenente Caçadores António Correia Leotte

ALFERES
Alferes Granadeiro João Napomuceno d'Athayde
Alferes 1ª Compª Francisco Rebello de Moura
Alferes 2ª Compª José Anacleto Cabrita
Alferes 3ª Compª José Xavier Bustorf
Alferes 4ª Compª Loduvico José da Rosa
Alferes 5ª Compª - José Mello de Brito
Alferes 6ª Compª Joaquim Anacieto Lobo
Alferes 7ª Compª José Candido d'Almeida
Alferes 8ª Compª Francisco Correia Reboredo
Alferes Caçadores João Manuel Bandarra

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Estado do Regimento de Infantaria de Lagos em 1806- os Capitães.

Estado do Regimento de Infantaria de Lagos em 1806. 2ª Parte

CAPITÃES

Capitão Companhia Granadeiros Diogo Rebelo Tavares
Capitão 1ª Companhia Álvaro de Macedo Pestana Coutinho
Capitão 2ª Companhia António Félix de Lacerda
Capitão 3ª Companhia João Manuel Mascarenhas d´ Andrade
Capitão 4ª Companhia Francisco de Paula Biker
Capitão 5ª Companhia Lourenço Martins Pegado
Capitão 6ª Companhia João Velloso Pessanha Cabral
Capitão 7ª Companhia Manuel de Mello
Capitão 8ª Companhia José Anacleto Lobo da Veiga
Capitão Companhia Caçadores José de Sousa Soares

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Estado do Regimento de Infantaria de Lagos em 1806

Com tempo darei inicio a colocação de posts sobre o regimento de Lagos.

Dou inicio à colocação do "Casco do Regimento de infantaria nº2», começando pelo seu Estado-Maior.

ESTADO MAIOR
Coronel António Hypólito da Costa.
Tenente-Coronel José Joaquim Ribeiro Lima.
Major Francisco Xavier Bustof.
Major Francisco Ribeiro Barata
Ajudante José Pereira de Lacerda
Ajudante João Rezende de Mendonça Pessanha
Quartel-Mestre Francisco de Paula Franco
Secretario Manoel Joaquim Correa
Capelão Padre José Maurício Sotto Maior

ESTADO MENOR
CirurgiãoMor António Camilo Pereira
Ajudante de Cirurgião António José de Lima Leitão
Ajudante de Cirurgião José Joaquim D´Oliveira
Ajudante de Cirurgião José Joaquim Franco
Ajudante de Cirurgião Luiz de José Miranda
Ajudante de Cirurgião João Romão Rodrigues Netto
Ajudante de Cirurgião Nicolau Joaquim Aguas
Tambor-Mór José Pedro
Cabo de tambores Joaquim Corrêa
Espingardeiro Joaquim José de Carvalho
Coronheiro Joaquim António d'Almeida

MÚSICOS
Mestre de Musica João Francisco Palheta
Segundo Mestre Manoel Francisco Chorim
Musico Manoel del Real
Musico Joaquim da Cruz Chorim
Musico Francisco António Nariguetta
Musico Francisco Gonçalves
Musico Carlos José
Musico Ignacio José
Bombo José Joaquim Picanço
Rufo José Joaquim

[Continua]

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Há 200 anos. 11 de Dezembro de 1808. DECRETO DOS GOVERNADORES DO REINO MANDANDO PROCEDER AO ARMAMENTO GERAL DA NAÇÃO

A 11 de Dezembro de 1808 é publicado um decreto que determinava o armamento geral da nação[1].

Decreto dos governadores do reino mandando proceder ao armamento geral da nação
“Sendo a defesa da pátria o primeiro dever que a honra, a razão e a mesma natureza impõem a todos os homens quando uma nação barbara, desprezando os direitos mais sagrados que no mundo se conhecem, intenta reduzi-los à escravidão, roubando as suas propriedades, destruindo a sua religião, violando os templos e cometendo as maiores atrocidades que a perversidade dos costumes e a inumanidade pode fazer imaginar; e achando-se infelizmente Portugal ameaçado de sofrer todos estes males, sem que tenham os seus habitantes outro algum meio de evitar os horrores a que se vêem expostos, que não seja o de recorrer às armas para repelir pela força as perversas, sinistras, as odiosas intenções dos seus inimigos: sou servido determinar:
Que toda a nação portuguesa se armo pelo modo por que a cada um for possível;
Que todos os homens, sem excepção de pessoa ou classe, tenham uma espingarda ou pique com ponta de ferro de doze a treze palmos de comprido, e todas as mais armas que as suas possibilidades permitirem;
Que todas as cidades, vilas e povoações consideráveis se fortifiquem, tapando as entradas e ruas principais com dois, três e mais travezes, para que, reunindo-se aos seus habitantes todos os moradores dos lugares, aldeias e casais vizinhos, se defendam ali vigorosamente quando o inimigo se apresente;
Que todas as câmaras, e na cidade de Lisboa todos os ministros dos bairros, remetam no espaço de oito dias, depois da publicação deste meu real decreto, ao general governador das armas da respectiva província, uma relação das pessoas que pela sua actividade, desembaraço, bom comportamento e pela atenção dos povos, forem mais capazes para os comandar, preferindo em iguais circunstancias os que já forem oficiais de ordenanças, e declarando aqueles dos ditos oficias que pela sua idade, moléstias ou más qualidades, não deverem exercer os postos que ocupam;
Que todos os generais encarregados dos governos das armas das províncias dividam os seus governos em distritos grandes, e nomeiem um oficial de reconhecida actividade e probidade, seja de tropa de linha, milícias ou ordenanças, a quem todos os capitães móres e mais oficias de ordenanças obedecerão em virtude da mesma nomeação, para que passando às diferentes povoações do seu distrito, examinem o estado das companhias, nomeiem para oficiais delas (das pessoas escolhidas pelas câmaras) as que julgarem mais dignas e capazes, as quais começarão desde logo a exercer os seus lugares, e receberão depois as competentes nomeações dos sobreditos generais;
Que todas as companhias se reúnam nas suas povoações todos os domingos e dias santos para se exercitarem no uso das armas que tiverem e nas evoluções militares, compreendendo todos os homens de idade de quinze até sessenta anos.
Finalmente, que toda a pessoa que se não armar, recusando concorrer com a nação em geral para a defesa da pátria, seja presa e fique incursa na pena de morte, e que igualmente incorram na mesma pena de morte todos aqueles que fornecerem qualquer socorro ou auxilio aos inimigos com viveres ou de outra maneira;
Que pela mesma razão seja queimada e arrasada aquela povoação que se não defender contra os agressores deste reino, e lhes franquear a sua entrada, sem lhes fazer toda a resistência possível.
E mando a todos os generais e governadores das armas das províncias, ao intendente geral da policia e a todos os corregedores, ouvi dores, juízes de fora e ordinários, e geralmente a todos os oficiais militares, de justiça ou fazenda concorram para o cumprimento de tudo quanto neste meu real decreto vai determinado, o qual será afixado em todos os lugares públicos das cidades, vilas, lugares e povoações deste reino, para que chegue ao conhecimento de todos os seus habitantes.
O conselho de guerra o tenha assim entendido e faça executar. Pala cio do governo, em 11 de Dezembro de 1808. = (Com as rubricas dos governadores do reino.)”
[1] Cláudio Chaby, vol. 6, p.76 e Simão José da Luz Soriano, ibidem, vol 5 – 1ª parte, 2 época,, p.358.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Monumento ao Império Português.

Assim termina V.H.H.Green, na sua Obra “ Renascimento e Reforma[1] , o capitulo IV “ Ascensão e declínio do Império Português”.

Mas o brilho imperial desvanecera-se. Portugal iria daí em diante desempenhar um papel relativamente apagado na história europeia. E só nas fortalezas e nos templos que deixou espalhados pelo mundo inteiro, da Etiópia até à China, durante o século e meio da sua grandeza, podemos ainda encontrar-lhe um monumento condigno”

Pois é esse “monumento condigno” deixou entre outros, que se encontram 22 monumentos património da Humanidade, que se encontram AQUI.
" Portugal é o país com mais património classificado em todo o mundo, logo a seguir a Espanha, que tem 24 monumentos assinalados. Porém o património edificado por portugueses está dispersos pelos três continentes, enquanto “o espanhol está mais concentrado geograficamente”, designadamente na América Latina," Revista Tabu, de 29 de Dezembro, que faz parte do Jornal o Sol

Vale a pena fazer uma visita.
Conheça-os AQUI

África Etiópia Citadela de Fasil Ghebbi
África Gambia Ilha de James
África Gana Fortes e Castelos em Volta, Greater Accra
África Marrocos Cidade Portuguesa de Mazagão (El Jadida)
África Moçambique Ilha de Moçambique
África Senegal Ilha de Goreia
África Tanzania Ruínas de Kilwa e de Songo Mnara

América do Sul Argentina e Brasil Missões Jesuitas dos Guarani
América do Sul Brasil Centro Histórico de Diamantina
América do Sul Brasil Centro Histórico de Goiás
América do Sul Brasil Centro Histórico de Olinda
América do Sul Brasil Centro Histórico de Ouro Preto
América do Sul Brasil Centro Histórico de S. Luís
América do Sul Brasil Centro Histórico de S. Salvador
América do Sul Brasil Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas
América do Sul Paraguai Missões Jesuítas de Trinidad do Paraná e Jesus de Tavaranque América do Sul Uruguai Centro Histórico da Cidade de Colónia do Sacramento

Ásia Bahrain Sítio Arqueológico de Qal'at al-Bahrain
Ásia China Centro Histórico de Macau
Ásia Índia Igrejas e Conventos de Goa
Ásia Malásia Cidade Histórica de Malaca
Ásia Sri Lanka Cidade Velha de Galle e suas Fortificações

[1] Vivian Hubert Howard Green, “ Renascimento e Reforma. A Europa entre 1450 e 1660”, edições D. Quixote, 1991.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Glossário Uniformologia .

Glossário


Aba: Parte inferior de algumas peças de vestuário.
Acostelado: Termo antigo que significa alamar.
Alamar: Cordão de vários materiais que guarnece pela frente uma peça de vestuário, de um lado ao outro da abotoadura.
Alheta: Correia de fixar a barretina ao queixo, constituída por escamas metálicas interligadas entre si.
Alvadio: Tecido de lã não tingido e cujas tonalidades variam entre os brancos acinzentados e amarelados.
Alvado: Orifício do ferro da lança onde entra a haste.
Anil: Corante têxtil azul escuro, que se extrai dos caules e das folhas da planta com o mesmo nome.
Anspeçada: Antigo posto intermédio entre o cabo e o soldado; actualmente corresponde ao soldado arvorado.
Anta: Material proveniente da pele de tapir ou de búfalo.
Armão: Jogo dianteiro das peças e viaturas de artilharia hipomóvel.
Arminho: pêlo de animal das regiões polares usado como ornamento.
Astrackham: Pêlo de cordeiro de raça caracul muito frisado, usado sobretudo nos raglans.
Atanado: Material tratado com curtição especial, derivado da anta.
Attila: Túnica usada principalmente por hussardos, nomeadamente prussianos.
Azul Ferrete: Tom de azul escuro, muito aproximado ao azul Prússia e usado pelo Exército Português.
Azul Maria Luiza: Tom de azul aproximado ao azul marinho.
Bacalhau: Designação de abotoadura dupla mais larga na parte superior e mais estreita na parte inferior da peça de vestuário.
Baeta (ou baetilha): Tela de lã frouxa e de malha larga.
Bainha: Estojo de metal ou couro que resguarda a lâmina de uma arma branca; costura dobrada na extremidade de um tecido.
Baioneta: Lâmina de estoque que se fixa ao cano de uma arma ligeira.
Banda: Faixa ornamental, de tecidos nobres, que se usava à cintura ou a tiracolo.
Bandoleira: Cinturão cruzado sobre o ombro, onde se suspendia a cartucheira ou a baioneta.
Barregana: Tela de lã impermeável.
Barretina: Cobertura de cabeça, de formato que varia entre o cilíndrico e o troncónico, geralmente adornada com distintivos de vária natureza, encordoados e com plumas ou pompons colocados no topo.
Bicórnio: Chapéu com as abas reviradas para cima em dois lados.
Bivaque: Barrete comprido e achatado, feito basicamente de duas metades de tecido rectangulares.
Boldrié: Correia de couro ou de anta, usada a tiracolo para suspender a espada ou a cartucheira.
Borla: Ornamento de passamanaria composto de um botão de onde pendem tufos de fios em forma de campânula.
Bornal: Saco em que os soldados levavam as suas provisões.
Brandenbourgs: Também designados nós húngaros ou austríacos, consistiam em encordoados com formatos de laços e nós de vários materiais, aplicados principalmente em uniformes militares a partir da segunda metade do século XIX.
Briche: Pano grosso de lã castanha, próxima à saragoça ou ao burel.
Brim: Tela de linho grosseira e de grande espessura.
Burel: Tecido grosseiro de lã.
Cabeção: Gola pendente e larga sobreposta ao capote, normalmente amovível.
Caçador: Tipo de infantaria ligeira que actuava independente da infantaria de linha.
Cadeia: O mesmo que grilhão.
Calote: Parte superior das coberturas da cabeça.
Canana: Cartucheira usada a tiracolo por oficiais e tropas montadas.
Canhão (de manga): Parte inferior da manga ou do punho.
Canotão: Mais grosso que o canutilho.
Canutilho: Fio de ouro, prata ou outros materiais, fino e enrolado em espiral. Usado nas charlateiras, dragonas ou para guarnecer peças de vestuário.
Carabina: Arma curta para uso da cavalaria, artilharia e caçadores.
Carcela: Tira de pano que se ajusta a uma das bandas do vestuário onde estão os botões, ou aplicação de tecido sobre uma superfície da mesma natureza.
Carranca: Peça de metal com representações zoomórficas e com uma anilha suspensa, por onde passavam os cordões ou as correias das barretinas e dos capacetes.
Casa: Abertura ou aplicação no vestuário aonde se podem prender botões ou colocar guarnições.
Casão (ou cazão): Alfaiataria, sapataria ou secção de vendas de uma unidade militar.
Casquette: Em alemão Kaskett, consistindo num boné ou barretina baixo (ou achatado) e geralmente com viseira. Pode corresponder aos bonés de caserna usados pelo Exército Português a partir do Plano de Uniformes de 1834.
Castanho pinhão: Tom de castanho médio semelhante ao do antigo pano de saragoça.
Charlateira: Dragona de metal dourado, sem franja, usada em uniformes militares.
Cimeira: Ornamento do cimo do capacete e que pode tomar várias formas.
Conto: Extremidade inferior da lança.
Copo: Guarda da mão na espada.
Correia: Tira de couro que fixa a cobertura de cabeça ao queixo.
Cós: Tira das calças que rodeia a cintura.
Cotim: Tecido de grande densidade e resistência, de trama cruzada e feito de vários materiais, como linho ou algodão.
Couraça: Peça de protecção do tronco, geralmente metálica, que se unia em duas metades, peito e costas. Deu origem ao termo couraceiros (cuirassiers), que definem corpos de cavalaria pesada entre os séculos XVII e XIX. Em Portugal não existe tradição do uso deste tipo de cavalaria.
Crina: Pêlo de alguns animais que se usava na confecção de penachos para barretinas.
Debrum: Fita com que se guarnece a borda de um tecido; orla ou bainha.
Demi-Kaftan: Termo centro-europeu que significa túnica curta.
Divisas: Distintivos em vários materiais, que indicam os postos hierárquicos nas classes de sargentos e praças.
Dolman: Casaco curto e justo, geralmente adornado com alamares e nós húngaros.
Dragona: Pala ou galão, de lã ou metal dourado com franjas, usado em uniformes militares.
Espiguilha: Renda ou galão estreito com bicos.
Esteirinha: Designação de um tipo de galão cuja confecção se assemelha a uma esteira.
Facultativo: O mesmo que médico.
Farda: Designada também de casaca de abas. Peça de vestuário militar com abas, que variando de tamanho, não chegam à frente.
Feldkappe: Boné de caserna ou campanha usado pelos exércitos alemão e austríaco.
Feltro: Lã não tecida, usada geralmente em coberturas de cabeça.
Fiador: Correia que liga a espada ou o revólver à mão.
Florete: Arma branca, ligeira, que consiste numa lâmina prismática de metal e com um punho terminado por um botão em forma de flor.
Francalete: Correia com fivela para segurar o barrete, o equipamento, os arreios, etc.
Fundilho: Parte das calças correspondente ao assento.
Fuzilhão: Espigão da fivela que prende a presilha.
Galão: Distintivo que indica o posto hierárquico na classe de oficiais. Pode ser de diversos materiais.
Garance: Tecido de cor vermelha, usado pelo exército francês.
Gorgorão: Tecido encorpado de seda, algodão ou lã.
Gorjeira (gola): Peça metálica semi-circular (sécs. XVIII-XIX) que suspendia do pescoço e indicava o portador como estando em escala de serviço.
Gravata: Pequena área de tecido, com formato de manto, fita ou laço, que se usa à volta do pescoço com vários tipos de nós. Pode ser sinónimo do termo pescocinho, acessório usado nos uniformes militares portugueses entre o século XVIII e a Guerra Peninsular. De notar que alguns modelos de pescocinho podiam ser em couro, para melhor proteger o pescoço de golpes e garroteios.
Grilhão: Correia de fixar o capacete ao queixo em forma de corrente de elos circulares; o mesmo que cadeia.
Hussardo: Tipo de cavalaria ligeira que teve as suas origens em etnias da Europa Central.
Ilhó: Orifício por onde passa um atacador, uma fita, um cordão, etc.; também define o aro de metal com que se debrua o ilhó.
Indigo: O mesmo que anil.
Jaleco: Casaco curto ou jaqueta.
Jaqueta: Casaco de homem que só chega à cintura; jaleco.
Jaquetão: Jaqueta larga que chega até abaixo da cintura; jaqueta-dolman.
Képi (ou quépi): Boné ou barretina de origem francesa, com casco troncónico rebaixado para a frente e com viseira horizontal.
Khaki: Tecido de uso militar com tonalidades terrosas (do acastanhado ao cor de areia).
Kiwer: Barretina com tampo ondeado de origem prussiana e russa.
Laurel: Ornato de vários materiais com a forma de uma coroa de louros.
Liga: Fita elástica.
Macarrões: Sinónimo das platinas de cordão entrançado.
Maria Luiza: Caracteriza um tom de azul aproximado ao azul acinzentado.
Mescla: Tecido grosso e resistente, cuja trama se efectuava com o cruzamento de vários materiais ou de cores diferentes.
Mosquete: Arma de fogo, portátil, de ignição por pederneira (séc. XVIII) e posteriormente por percussão (a partir de 1830).
Nós húngaros (ou austríacos): O mesmo que Brandenbourgs.
Oliva: Peça de suporte do penacho da barretina.
Orleã: Tecido lustroso, cujo uso militar se confinava a forros e ornamentos.
Pala: Acessório da bainha de espada, terçado ou baioneta, que consiste numa peça de couro suspensa do cinturão e por onde passa a dita bainha.
Paletot: Galicismo que define um casaco curto; paletó.
Paroli: Rectângulos de tecido colorido aonde se aplicavam insígnias ou emblemas e que serviam para distinguir os regimentos no exército austríaco.
Passador: Tira de couro que se coloca no cinto ou no correame para segurar as pontas à saída da fivela.
Patrona: Espécie de cartucheira, geralmente suspensa por boldrié.
Peitilho: Plastrão ou peça de pano que se coloca sobre o peito para simular ou suprir o peito do casaco.
Pelica: Pele fina de carneiro ou cabrito para luvas e calçado.
Peliça: Jaqueta típica dos hussardos geralmente suspensa do ombro e que era mais decorativa do que funcional; artigo de abafo dos uniformes dos oficiais do exército com alamares de seda preta e guarnições de astrackam.
Penacho: Conjunto de penas ou outros materiais que constitui um tufo e que pode tomar várias formas.
Pescocinho: O mesmo que gravata.
Pestana: Tira de tecido que cobre a entrada de bolsos, algibeiras ou feitios no vestuário.
Pickelhaube: Capacete de origem prussiana, caracterizado por ter uma cimeira em pico.
Pico: Cimeira de capacete em forma de pico.
Plastrão: Peça de tecido ou metal que se usava sobre a casaca, jaqueta ou casaco.
Platina: Presilha de tecido aplicada no vestuário, onde os militares passam o correame ou seguram as divisas e galões.
Polaina: Peça de vestuário que resguarda a perna e a parte superior do calçado.
Praça de pret: Antiga definição da classe de praças.
Raglan: Tipo de casaco divulgado por Lord Raglan (Guerra da Crimeia) e que se caracterizava pelo seu tipo de mangas, prendendo ao tronco por uma costura diagonal do sovaco à gola.
Rebuço: Parte de capa ou capote com que se oculta o rosto; nos bonés ou nas suas capas corresponde ao cobre-nuca.
Quépi: O mesmo que képi.
Raquete: Adornos feitos com cordão de lã ou seda, a terminar em formato de borlas achatadas e que se usavam em determinados tipos de barretina.
Redingote: Casaco largo e comprido; o mesmo que sobrecasaca.
Retrós: Fio de seda torcido.
Sabre: Espada curva de um só fio, normalmente associada à cavalaria ligeira como os hussardos.
Sabretache (pasta): Pasta usada por oficiais montados, de configuração achatada e que se suspendia do cinto com correias compridas, sobre a espada.
Saragoça: Tecido grosso de lã, fabricado primitivamente na cidade espanhola de Saragoça; tecido castanho semelhante ao burel.
Sarja: Tecido de linho ou algodão, cuja trama forma linhas diagonais.
Serafina: Tecido de lã próprio para forros.
Schapska: Cobertura de cabeça com viseira, sendo o topo quadrado e afunilando para baixo e para o centro. De origem polaca, esta barretina foi a marca distintiva dos regimentos de lanceiros em todo o mundo, incluindo as unidades do Exército Português.
Silva (ou silvado): Galão bordado com motivo vegetalista.
Sobrecasaca: Casaco comprido, abotoado até à cinta, com abas em toda a roda.
Tachinho: Designação do boné ou barrete de caserna cilíndrico.
Talabarte: Cinturão; boldrié. Tira de cabedal com fivela que, passando por um ombro e cruzando o tórax em diagonal, suspende o cinturão.
Tartan: Tecido com padrões geométricos que representam as famílias nobres escocesas.
Telim (talim): O mesmo que cinturão ou boldrié.
Terçado: Espada curta.
Tope: Parte superior do penacho.
Torçal: Cordão de fios de retrós.
Trancelim: Trança estreita de fios de ouro ou de seda para guarnições.
Tulipa: Suporte metálico do penacho.
Túnica: Casaco solto e comprido.
Ulanka: Túnica de hussardo.
Vassourinha: Tipo de penacho pendente com o rebordo recortado em forma de vassoura.
Virola: Anel semi-circular de metal que servia para reforçar as palas ou viseiras de barretinas e bonés.
Vivo: Tira de tecido que forma o debrum em peças de vestuário.
Xabraque: Tipo de xairel com que se cobriam as ancas do cavalo e os coldres da sela.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Uniformologia Militar Portuguesa.11 Conclusões

Conclusões.

O primeiro ponto comum no período que vai do Antigo Regime à Regeneração, traduziu-se pela constante adopção de figurinos externos, normalmente de potências militares que estivessem na moda. Portugal tendeu a seguir, com pequenas modificações, os figurinos militares em predominância nas respectivas épocas, à excepção de 1892, em que se tentou criar um estilo nacional, embora mantendo ligações a cânones estrangeiros. Assim foi de 1848 a 1869, com a introdução progressiva do ideário uniformológico francês, reflexo do poder militar do II Império.
Se, na segunda metade do século XIX, se adoptaram figurinos externos através dos planos de uniformes de 1848, 1856, e 1869, a sua implementação não foi linear, nem frequentemente bem definida. As sucessivas alterações ou modificações após cada plano de uniformes demonstram que o experimentalismo, que seria necessário antes de um novo sistema de fardamentos, se verificava a posteriori, e em vez de se verificar em unidades restritas, aplicava-se globalmente ao exército. Assim era difícil prever quais as deficiências a surgir na relação homem-uniforme.
Surgiram vários factores negativos, como a má qualidade dos lanifícios, que precipitavam o prematuro desgaste dos uniformes, a deficiente e a inadequada concepção daqueles, provocando o desconforto no soldado quando solicitado para os rigores das manobras e dos exercícios. As tinturarias de fraca qualidade, que aceleravam a má aparência dos fardamentos, podiam criar duas situações: uma que se traduzia num exército mal fardado e com mau aspecto, outra que para evitar a primeira obrigava à reposição constante dos artigos de fardamento. Tal situação pesava economicamente nos ministérios e arsenais, que se viam obrigados a destinar orçamentos para contratos de fornecimentos de têxteis e para a confecção contínua de materiais de fardamentos de curta duração ou desgaste precoce. Também pesava economicamente na bolsa individual do militar, já que, se os artigos de uniforme se degradassem ou se inutilizassem antes do tempo previsto, a sua reposição era feita a expensas do usuário. Por isso as tropas tendiam a poupar ao máximo os fardamentos, principalmente a nível do grande uniforme, realizando quase todos os serviços em pequeno uniforme ou no uniforme de faxina em brim. Ficava o grande uniforme remetido às solenidades ou às grandes formaturas cerimoniais, resumindo-se a ser usado poucas vezes durante o ano, acabando por criar uma imagem de mera fachada, pois era suposto que o conceito de grande uniforme, em termos gerais, acumulasse as funções cerimoniais e a possibilidade de ser usado em campanha como sucedia em outros exércitos. Tal não acontecia, tendo o soldado português exercido as suas funções, durante quase cinquenta anos, em jaqueta, barrete de caserna e calça de mescla ou de brim.
A paz interna e a não ingerência em conflitos externos nunca propiciou a aplicação real dos figurinos uniformológicos adoptados para Portugal ao longo da segunda metade do século XIX.
Outra grande problemática que rodeava o atribulado panorama dos figurinos militares portugueses, mas com raízes mais fundas no tempo, prendia-se com os próprios comportamentos individuais e colectivos dos militares e o seu posicionamento perante a sua instituição e a sociedade.
Verificamos que foram necessários numerosos decretos coercivos e abrangentes a todos os postos hierárquicos, obrigando a um maior uso do unifome e ao seu correcto atavio. Pelo lado dos oficiais, era visível que estes, fora da unidade, se trajavam à civil, parecendo querer quebrar socialmente os seus elos com a instituição. Isto parece denotar falta de motivação, descontentamento pela sua situação e pressões externas de um provável estigma de desvalorização social, corrente contrária à de outros países, onde a instituição militar era altamente valorizada, o que nos leva a um ponto de reflexão sobre a aceitação do exército perante a sociedade civil portuguesa na segunda metade do século XIX.
Ao nível dos sargentos e praças, a questão da aparência poder-se-ia ligar a uma certa resistência passiva aos sistemas viciados de recrutamento, às lacunas na aplicação das normas de disciplina individual e colectiva, no que diz respeito aos hábitos de higiene, atavio e saúde, que deficientes sistemas uniformológicos não ajudavam a melhorar. A frequente má qualidade dos fardamentos protegia mal o soldado das inclemências do tempo e do terreno, para além das más confecções dos uniformes, calçados e correames lhes transformarem o quotidiano em suplício, principalmente nos exercícios e nas manobras.
A Regeneração pretendeu pacificar o exército, dimensionando-o para uma missão de defesa nacional, mas não conseguiu erradicar alguns hábitos anteriores, permanecendo a instabilidade estrutural e de organização, situação que afectava a própria estrutura uniformológica, e criava toda a série de problemas que pudemos observar ao longo destes capítulos. A indefinição de objectivos específicos, o seguir das modas contra as especificidades e exigências das realidades do soldado português, a falta de controlo e selecção dos materiais, confecção e acabamentos dos fardamentos, as lacunas disciplinares e culturais existentes em muitos sectores do exército, as más condições de vida e económicas do militar, são alguns dos vectores que vão acompanhar a evolução do uniforme nesta época. Este panorama negativo foi amplamente tratado e denunciado por jovens oficiais, uns identificados e outros não, através de vários artigos publicados na Revista Militar e, sem dúvida, em outros tipos de publicação ou imprensa. Estes oficiais, afastados dos ministérios e de estados maiores de salão, contactavam com a realidade próxima das casernas e condições de vida dos soldados, constatando a inadequação, o desconforto ou a má qualidade de muitos dos fardamentos fornecidos. Alguns chegariam a denunciar situações em que os praças, para poupar os seus uniformes (grande e pequeno) andavam pelas casernas em “camisa e ceroulas”, sendo de calcular a vulnerabilidade destes homens às doenças, à falta de salubridade, para além dos seus muito reduzidos hábitos de higiene pessoal.
Estas variadas situações não implicavam que os planos de uniformes fossem de aparência anacrónica. De facto, em 1856 e 1869 os figurinos adoptados estavam estatisticamente de acordo com as modas militares da época, apesar das constantes dificuldades apresentadas pelas reorganizações do exército.
Não pensamos que este panorama fosse exclusivo do Exército Português, pois outros exércitos, grandes ou pequenos, teriam com certeza sofrido destes tipos de problemas, em maior ou menor escala.
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FIM

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Uniformologia Militar Portuguesa.10

Capítulo 10. Uma tentativa de figurino nacional

O espectro político e económico de Portugal entra em crises profundas, que passam pela afronta do Ultimato britânico sobre os nossos territórios da Niassalândia (1890), como consequência da Conferência de Berlim de 1888 “(…) em 1890-93 é o fim. O ultimatum põe em causa o posicionamento tradicional de Portugal e leva a uma perda de credibilidade não só do governo, que em grande medida o provoca, mas do próprio regime. O modelo político logo se desmorona, com uma tendência para o fortalecimento dos extremos, uma perda de credibilidade dos partidos rotativos, o desenvolvimento de novas formas de luta política e o renascer do golpismo militar [31 de Janeiro de 1891], depois de quarenta anos de intervalo. O modelo económico, por seu lado, não aguenta a queda das remessas dos emigrantes, a alteração do sistema económico internacional e a crise financeira geral. (…) o crescimento de uma indústria virada para o mercado interno e para o Império, sem competitividade internacional.”(Telo, 1994, p. 63 - 64).
As crises despoletadas põem em risco a própria monarquia, que entra no seu declínio. Os ministérios, impotentes perante o monstro inglês, cedem perante violentas reacções internas por parte dos meios políticos republicanos, onde já se integravam todas as componentes sociais, incluindo militares. Daí o golpe de 31 de Janeiro de 1891, sufocado pela Guarda Municipal do Porto: “É sabido que o ultimatum britânico de 1890 e a revolta republicana de 1891 se acham indissoluvelmente ligados. Não escasseiam as fontes a comprovarem-no e não têm faltado os estudos a soldarem o elo, sobretudo na esfera política e militar” (“A Revolução de 31 de Janeiro de 1891”, 1991, p. 11) e que marca o retorno do já referido golpismo. Só o despoletar das campanhas de pacificação em Moçambique (1894) contra os régulos revoltosos vai acalmar e ofuscar as intentonas republicanas, mercê da imagem e dos exorcismos da afronta inglesa protagonizados pelo corpo de oficiais expedicionários, com ressalva para a figura do capitão Mouzinho de Albuquerque (“Exposição Histórico-militar em homenagem a Mouzinho de Albuquerque no 1º centenário do seu nascimento”, Porto, 1957).
O contexto geral europeu desenrolava-se agora sob os auspícios da Conferência de Berlim (1888), onde todos os países presentes, entre os quais Portugal, estabeleceram novas regras quanto aos domínios e à conservação de possessões coloniais. A capacidade de ocupação militar sobrepunha-se então aos direitos históricos (com prejuízo para Portugal face ao expansionismo britânico e aos gulosos olhos do governador dos domínios ingleses na África Austral, Cecil Rhodes). Só com inauditos esforços diplomáticos os pequenos países conseguem manter as suas fatias ultramarinas e outras nações, sem tradição colonial, lançam-se nessa aventura para marcar o seu lugar, como o fez a Itália que se lança no Norte de África, na Eritreia e na Abissínia.
Este período é de facto recheado de guerras coloniais sucessivas e sobrepostas. Wolseley esmaga os egípcios em 1882, Kitchener toma Khartoum em 1898 e entra em operações contra os Boers. A Itália sonha em ocupar Tunes e aponta os mapas para a África Oriental (Eritreia, Somália e Etiópia), com os desastrosos resultados militares de Adwa em 1896. No Extremo Oriente, um novo actor surge, o Japão, com uma nova e poderosa máquina militar que se vira para a Manchúria e para a Coreia, sem esquecer o Pacífico (Schnerb, 1983, p. 213 - 235).
A uniformologia dos exércitos europeus continuava a sua evolução no sentido da simplicidade prática, logo, eficaz. Os uniformes vistosos e coloridos remetiam-se para corpos cerimoniais (guardas reais na maioria), começando a surgir os fardamentos no seu sentido actual, onde pontuava o khaki inglês ou o feldblau germânico, com excepção do azul e escarlate franceses, ou do nosso plano de 1892 que, apesar das ambições de economia, fez as tropas, principalmente caçadores e infantaria, sofrerem um retrocesso estilístico em relação ao figurino prussiano. Estes fins do século XIX representam o adeus à cor nos exércitos europeus e americanos. As grandes potências iniciaram a adopção de uniformes monocromáticos, como por exemplo a Alemanha, cujas tropas mantêm fardamentos de feitios e dimensões tradicionais, como os hussardos, os uhlans (lanceiros) ou os jägers (caçadores de montanha), mas em tecidos feldblau, onde sobressaíam os vivos de cor encarnada ou de outros tons mais vivos (Nicholson, 1973, p. 13). No caso inglês, a década de 1890 via o seu exército ter dois tipos de uniformes, um colorido (com túnica escarlate) e um mais simples (pequeno uniforme) com confecção em tecido khaki. Nas grandes paradas, o exército vitoriano desta época continuava a desfilar em toda a sua glória, com casacos vermelhos e acessórios dourados e prateados, barretinas de pêlo de urso (Coldstream Guards, The Scottish and Irish Guards, etc.), capacetes de dragão e couraceiro, etc. (Laver, 1965, p. 140). O exército austríaco também começa a “escurecer” os seus uniformes de campanha em direcção ao feldblau (azul médio / escuro), deixando os seus exuberantes uniformes para as grandes ocasiões, que não eram poucas, sobretudo com a presença do imperador. O soldado de infantaria austríaco deixa de usar as suas veneráveis túnicas brancas, vendo-as substituídas por casacos azuis (o uniforme branco fica reservado para o imperador e para os oficiais generais) e calças cinza-azulado, com barretina de couro negro. As tropas húngaras (Honved) diferiam somente nas calças, azuis médio, e extremamente justas.
Os jäger fardavam-se de cinza claro, assim como a infantaria da Landwehr (tropas territoriais). As unidades distinguiam-se pela cor das golas, platinas e parolis (quadrados de tecido colorido que se aplicavam na golas) para além de outros paramentos uniformológicos. A cavalaria era mais exuberante, usando e abusando dos azuis-celeste. A Rússia segue esta linha em termos uniformológicos muito representativos de exércitos ligados a regimes conservadores, nos quais a exuberância marcial era símbolo de poder, centralizado no Kaiser, Emperor ou Czar (Mollo, 1972, p. 209 - 213).
É dentro deste panorama que surge a O.E. nº 25 de 12 de Setembro de 1892, contendo um plano de uniformes cujo resumo de intenções se pode captar no texto de abertura: “Sendo conveniente reunir em um só diploma todas as disposições que têem modificado o plano de uniformes para o exército, approvado por decreto de 1 de Outubro de 1885 e bem assim introduzir no referido plano várias alterações propostas pelos generaes commandantes e inspectores geraes das armas e chefes de serviços, as quaes têem sido aconselhadas pela prática ou foram impostas pela adopção dos novos padrões de lanifícios, hei por bem approvar e mandar pôr em execução o plano de uniformes para o exército que faz parte do presente decreto e baixa assignado pelo ministro e secretario de estado dos negocios da guerra.” Por aqui vemos a sumarização de todos os decretos que se seguiram ao plano de 1885 e por nós analisados. Os pontos mais importantes, ao longo de sete anos, traduziram-se na abolição do casaco e redefinição da jaqueta para um novo modelo mais longo, que acumulava as funções inerentes ao grande e ao pequeno uniforme pela aplicação e remoção de granadeiras sobre as platinas, já que os antigos macarrões haviam sido também abolidos.
Devido a questões de qualidade, o pano cor de pinhão é abolido da infantaria e de caçadores voltando-se ao tradicional azul ferrete. O próprio pano de mescla preta que servia para calças e capotes é substituído por mescla azul clara para o primeiro caso e por mescla azul escura para o segundo. Esta situação é algo paradoxal, porque se se aboliu o casaco por questões económicas, dado o pouco uso daquela peça o que não justificaria a sua existência, então porque se prescinde de um pano único para duas peças de fardamento, ao fim de muitos anos de tradição neste aspecto? Carecendo de confirmação documental, levantam-se contudo algumas hipóteses, sendo a primeira a de que o novo pano azul claro para calças seria muito mais aligeirado do que o antigo padrão, reservando-se uma gama de mescla mais pesada (azul-escura) para capotes. A segunda hipótese reside na eventual má qualidade dos tecidos usados anteriormente a esta medida, simultaneamente com o pano cor de pinhão fornecido desde 1885, ligando-se aqui uma terceira hipótese baseada em novos contratos de fornecimentos de lanifícios à base de tinturarias azuis (indigos ou anil), o que nos parece uma base sólida para um futuro trabalho ou debate sobre a estrutura, evolução e gestão dos lanifícios e contratos de fornecimento destes ao Exército.
Em termos de figurinos, desde 1886 que a indefinição pairou sobre a manifesta introdução de caracteres prussianos em uniformes do Exército. Toda a estrutura desse plano se foi desarticulando da intenção original, acabando por restar o capacete de pico como característica e elo de ligação a esse figurino. Situação esta que acabaria também por ser alterada com a supressão do capacete na espinha dorsal do Exército (infantaria e caçadores). Como Arma mais numerosa, era talvez a mais atingida pelas pressões económicas para se poder sustentar a operacionalidade de serviços mais dispendiosos como o de artilharia, tanto à custa da aquisição e manutenção de materiais modernos, como com a necessidade do respectivo municiamento. Também a cavalaria exigia fundos para a manutenção do seu parque equestre. Mesmo a própria engenharia militar, gozando de um elevado estatuto, devido ao seu próprio corpo de oficiais (que alimentavam uma boa parte do corpo docente das escolas especializadas do país), necessitava de apoio financeiro para a manutenção da rede telegráfica, das ferrovias militares e do serviço de fortificações.
Se em 1885 a infantaria de linha que, desde 1764 se fardava no azul ferrete tradicional, se submete a uma fusão cromática com os corpos de caçadores, ficando os dois corpos uniformizados em castanho pinhão, em 1892 vai suceder o inverso, é o azul ferrete que se torna a cor geral dessas tropas, quebrando uma tradição que vinha já da Guerra Peninsular e retirando um certo estatuto de elite aos caçadores.
De acordo com o que afirmava Satúrio Pires na sua história dos “Uniformes dos Corpos de Caçadores” (Lisboa, 1935), verificou-se mais uma alteração estilística e um pouco inesperada: “Se em 1868-9 o nosso exército se tinha fardado á franceza, se em 1885 o figurino escolhido fora, em parte, o allemão, agora em 1892, é a barretina italiana e a giuba italiana que, com o azul ferrete dos dolmans, e as mescla de tom azul claro das calças e calções, serão as características da nossa infantaria e caçadores. O porquê da adopção de estilos meridionais especificamente italianos, segundo este autor, é especulativo e carente de confirmação oficial. Isso nos leva a encarar somente hipóteses mas que cremos terem surgido a partir de um certo revanchismo anti-britânico devido ao ultimato. Se a economia de meios ditou o fim do capacete de feltro (de pouca durabilidade) e permitiu a continuidade dos stocks de capacetes de couro para engenharia, artilharia e cavalaria, porque não se voltou ao képi francês de 1868-69?
Apesar da França permanecer uma potência militar, já não ditava figurinos militares, para além de ser uma República laica. Num período de anticlericalismo, era um exemplo pouco edificante para adoptar numa monarquia como a portuguesa, que apesar de liberal, era ainda um garante do catolicismo de Estado. O retorno ao figurino inglês, em parte com similaridades ao prussiano desde 1879 (também usavam pickelhaube, embora com características próprias), estava fora de causa por razões globais. A opção de buscar influências na parte meridional da Europa, concretamente a Itália, parece reflectir uma bipolarização entre os ricos países do Norte, gigantes industriais e coloniais e os países mais pobres do Sul, ricos em tradição histórica e com passados gloriosos, mas agora atrasados industrial e economicamente. A estrutura militar italiana é pouco conhecida, só sobressaindo os lendários bersaglieri e voluntários garibaldinos, pioneiros da independência e unificação italiana. Contudo, é de crer que existissem similaridades estruturais entre o Exército Português e o Italiano, principalmente ao nível da exiguidade de meios militares e económicos para, no primeiro caso, manter um império e no segundo criá-lo. Assim parece ter existido um espírito solidário e romântico, ao adoptar-se o estilo de um país geograficamente próximo, que com falta de meios se procurava afirmar na Europa, à sombra do poderoso império austro-húngaro, tal como Portugal tentava sobreviver aos abusos do seu velho aliado britânico e à proximidade fronteiriça com o gigante espanhol.
Continuando a seguir o texto de Satúrio Pires, a nível das inovações, verificamos que o dolman de oficial, tendo-lhe sido suprimidos os alamares, passa a ser assertoado amplamente sobre o peito, com duas fileiras de oito botões, ganhando a denominação de bacalhau, dado essas fileiras estreitarem em direcção à cintura. Esse dolman serviria para todo o serviço, grande e pequeno uniforme, ordem de marcha, etc.. Só para serviços internos de quartel irá ser introduzido um dolman leve de flanela, com os distintivos de patente nas platinas dos ombros.
Os sargentos e cabos de infantaria e caçadores passarão a ter divisas pretas avivadas de azul claro (em 1885 esta ordem inverter-se-ia, afim de aumentar a visibilidade). Para proteger a nova barretina adopta-se uma cobertura de tecido impermeabilizado branco com cobertura para o sol, usando-se com o penacho removido.
Generaliza-se o uso de um novo modelo de calção para oficiais, sargentos e praças, padronizando o uso da bota ou do botim por fora.
O conjunto de jaquetão e calça de brim é autorizado para tropas em manobras e exercícios (Pires, 1935, folha nº 134).
O plano de uniformes de 1892 (O.E. nº 25/9/1892), tal como o de 1885, abre com uma longa série de disposições gerais, regulamentadoras das normas de manufactura dos artigos de fardamento. Assim, a partir do artigo 3º definiram-se os padrões de lanifícios para os novos uniformes.
Para dolmans, jaquetas-dolman e barretes da classe de sargentos de todas as Armas era destinado um tipo de pano azul ferrete (um designado padrão nº 1 a fornecer pelo arsenal) intermédio entre um tecido mais fraco para praças e outro superior para oficiais. Para as calças e calções dos mesmos, o novo padrão de mescla azul claro. Os restantes elementos do corpo de praças teriam fardamentos confeccionados com o já mencionado pano azul de inferior qualidade (padrão nº 20), assim como a mescla azul claro para calças e calções. A nível geral, o tecido para capotes, abandonada a mescla preta de 1885, passa a ser oficialmente a mescla azul escura.
Outros tipos de pano destinavam-se a acessórios do uniforme. Um pano azul claro (padrão nº 44) destinava-se a vivos e divisas de caçadores, companhias de administração militar e alunos da escola do exército. Pano preto (padrão nº 42) para guarnições e granadeiras dos uniformes das praças de engenharia, artilharia, infantaria, caçadores e companhias de administração militar. Pano carmesim para guarnições de infantaria e pano encarnado para guarnições e vivos das tropas de engenharia, artilharia e cavalaria. O pano branco reservava-se para o uniforme das praças reformadas.
Toda esta massa de lanifícios era gerida e entregue aos arsenais regimentais pela direcção geral de administração militar, intermediário directo com os contratadores de lanifícios, após aprovação pelas comissões gerais de fardamento.
As distinções entre unidades continuavam a ser realizadas pelas cores das guarnições, por números e emblemas (O.E. nº 25 de 12/9/1892, título I, capítulo I, p. 630 - 631).
Algumas determinações e regras continuavam a ser similares ao decretado no plano de uniformes de 1885, como nos artigos 5º a 7º que elucidavam sobre as medidas, dimensões e feitios das calças e calções dos diferentes postos hierárquicos, assim como as medidas e a configuração das golas dos casacos, dolmans e jaquetas.
Os emblemas são redefinidos, primeiramente nos materiais: para os sargentos e praças os emblemas e números regimentais seriam recortados em metal amarelo, excepto em lanceiros, onde seria utilizado metal branco. Seguia-se a descrição da emblemática e respectiva configuração a aplicar nas golas dos casacos e dolmans dos oficiais, sargentos e praças, também seguindo o ainda válido decreto de 1885.