sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Conde Lippe, o Sargento-Mor e o Fidalgo.


Eu ,Guilherme por Graça de Deus, , conde reinante de Schaumburg, Conde e nobre, senhor da Lipe e Thranberg, Marechal General das Tropas de Sua Majestade Fidelíssima, Cavaleiro da Ordem da Águia Negra, etc.
Para evitar duvidas que se possam oferecer sobre esta matéria, estabeleço o seguinte: Que de ora em diante, todo o Sargento que nas mostras responda pela companhia e que pela natureza do seu encargo deve saber ler e escrever correctamente porque o Oficial Comandante da mesma pode não o saber, por ser Fidalgo.
Dado em Salvaterra de Magos
16 de Fevereiro de 1764

Ao contrario do que muitos autores , obras e textos referem, o Sargento[Sargento-Mor] referido no texto, não é o actual sargento [escalão de Sargentos] , mas sim um oficial superior [actual Major] encarregue do comando de uma companhia.
Em 1763, com a reforma do conde de Lippe, os regimentos serão organizados em 7 companhias (unidades administrativas). A reforma implicou o regresso ao conceito de que cada regimento era um batalhão do ponto de vista táctico. Para além do coronel e do tenente-coronel, o Major («sargento-mór») tinha também a administração de uma companhia.
Este modelo de organização , na qual se prevê que uma companhia possa ser comandada por um Major, termina em 1777, data em que os regimentos de infantaria tiveram um aumento de 3 companhias, passando a ter um total de 10, e na qual os majores [Sargentos-Mor] deixam de comandar companhias.
Assim se o texto fosse lido na actualidade, onde se lê Sargento ( Sargento-Mor) , deverá ler-se Major. Em tempo algum, no exercito Português , um Sargento teve organicamente o comando de uma companhia.

Tal como refere Manuel Amaral, “É por isso que, se a função militar era considerada geralmente nobre, de acordo com a legislação, só quem chegava ao posto de major efectivo adquiria verdadeiramente a qualidade de fidalgo, como se pode ler, entre outras, na lei de criação dos cadetes : «Tendo os mesmos pretendentes o foro de Moço Fidalgo da Minha Casa, e daí para cima; ou sendo filhos de Oficiais Militares, que tenham, ou tivessem tido pelo menos a Patente de Sargento-Mór pago [Major efectivo].»”

Este apontamento não retira a confirmação, de que muitos nobres eram analfabetos, e alguns encontravam-se a comandar unidades militares.
Sobre o posto de Sargento-Mor ver o execlente Blog " Guerra da Restauração" de Jorge Penin de Freitas. Vere ainda o post deste blog " O Sargento-Mor " AQUI.

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